SÍNTESE DAS IDEIAS CONSIDERADAS MAIS
RELEVANTES DOS TEXTOS
As produções gráficas das
crianças encantam pela sua beleza, pela síntese do humano que encerram e pela
poesia.
As crianças têm necessidade
de desenhar e, desde o final do século XIX, muitos teóricos têm se dedicado a
entender essas marcas fascinantes e os motivos que as levam a mudar seus
rabiscos.
As teorias sobre a
alfabetização vêm sendo elaboradas a partir de um pressuposto: a concepção de
que a escrita teria um estatuto de representação.
De acordo com a teoria
piagetiana, a criança reconstrói criativamente o objeto do conhecimento ao
tentar compreendê-lo. Inicialmente se faz através da ação da criança sobre os
objetos de seu meio e depois se estende para o plano da representação, onde age
em pensamento.
Nos trabalhos de Piaget, a
noção de representação é objeto de muitas referências. Em cada estágio do
desenvolvimento intelectual, segundo afirma, esse processo ganha em
complexidade e abstração, sendo que a base para sua construção está nos
esquemas de ação.
As relações entre os
processos de desenho e escrita são abordadas com base nos estudos de Luquet,
sobre o desenho infantil, e de Emilia Ferreiro, sobre a escrita. Ambos os
autores enfocam a criança, seu modo de interagir e de reconstruir essas
linguagens, suas intenções e interpretações, bem como as especificidades de
cada momento.
As crianças consideram que se aprende a desenhar desenhando,
compreendendo as estratégias utilizadas por elas ou por outras pessoas para
desenhar e pela observação dos objetos.
Nos vários momentos de
reconstrução do desenho, surgiram problemáticas relativas ao erro, à natureza a
à função do desenho, às mudanças feitas nas produções, às correspondências e às
transformações entre o objeto e sua imagem gráfica, às ideias da criança sobre
como se aprende a desenhar.
Nesses diálogos com seus
desenhos e com as produções de outras crianças, constatamos que as concepções a
respeito do processo de desenho se alteram à medida que ela se apropria dessa
linguagem, e que o desenho é considerado um objeto de conhecimento, em que
ação, pensamento e emoção se entrelaçam.
Ferreiro dedica especial
cuidado à explicitação das bases teóricas de seu pensamento. A filiação à
teoria psicogenética é reafirmada em diferentes pontos de seu trabalho. Ela
trouxe para o campo da alfabetização a questão de que modo a criança, chega a
dominar na consciência as técnicas, raciocínios e procedimentos que utiliza
para pensar e agir sobre os objetos. Ferreiro deixa claro que criança deve
reconstruir, para se alfabetizar, uma relação entre linguagem oral e escrita.
De modo que à pesquisa sobre alfabetização cabe descrever “como se vai
construindo progressivamente a correspondência silábica, até que esta chegue a
ser uma correspondência estrita termo a termo”.
Ao pesquisar como a criança
reconstrói o sistema de escrita, ao se apropriar dessa linguagem, Emilia
Ferreiro observou quatro níveis: pré-silábico, silábico, silábico alfabético e
alfabético.
Após diferenciar as marcas
gráficas relativas ao desenho das relativas à escrita, a criança começa a
construir ambos os sistemas.
Ao desenhar e escrever a
criança busca conhecer essas linguagens. As interações entre tais linguagens
gráficas ocorrem, principalmente, no processo de apropriação desses sistemas. O
desenho começa como uma escrita, e a escrita como um desenho, depois a criança
cria formas de diferenciação e de coordenação entre elas e entre os elementos
de cada sistema.
Com essa pesquisa, o que se
confirmou foi não só que a arte é uma forma de construir conhecimento, que é
uma atividade que envolve inteligência e sensibilidade, também influi na
construção de conhecimentos, em especial em relação à construção da escrita.
Assim, possibilitar às crianças que desenhem, ao contrário de ser uma perda de
tempo, é propiciar-lhes representar graficamente suas experiências.
Nesse sentido, escrever para
a criança é essencialmente uma atividade de imitação das representações do que
é possível na escrita. Por isso não há ruptura entre seus atos de escrever e
desenhar.
Enfim, é importante os
professores compreender os sistemas de desenho e de escrita em seus níveis de
construção, a apropriação desses objetos de conhecimento pela criança e algumas
interações entre desenho e escrita.

ASPECTOS
DE APROXIMAÇÃO DO CONTEÚDO DOS TEXTOS
As teorias sobre a
alfabetização, a linguagem oral e a linguagem escrita.
Tematização do desenho e a
escrita na infância, discutindo os entrelaçamentos entre esses dois sistemas de
linguagem, em que sensibilidade, cognição e contexto sociocultural direcionam e
determinam modos de ver criar e compreender.
Enfoque de algumas relações
entre os processos de desenho e de escrita com base nas estratégias de
representação construídas pelas crianças ao se apropriarem desses sistemas. Entrelaçamento
entre esses dois sistemas de imagem.
Investigação óptica da
criança sobre o processo do desenho, tendo por base os pressupostos da
epistemologia genética e os estudos construtivistas sobre o desenho infantil.
Interesse de como a criança constrói sobre a sua produção gráfica, e que
sentidos atribui as suas criações.
RELATOS
DE SITUAÇÕES QUE ILUSTRAM OS TEXTOS
Sou professora de Educação
Infantil, tenho uma turma de maternal 2 em turno integral, são 15 crianças, que
tem entre 3 e 4 anos.
Devido ao nosso projeto
Fazendo Arte...diariamente estamos em contato com diversos materiais.
Por
considerar muito importante a questão do desenho, sempre coloco á disposição
alguns materiais para que as crianças possam explorar livremente, (giz de cera
e de quadro, folhas, lápis de cor, revistas, canetas permanentes, pedras,
jornais e também livros). Percebo que quando damos importância para o desenho,
oferecendo os devidos materiais, as crianças evoluem mais, tanto na questão do
desenho como também da escrita.
A maioria das crianças da
turma, desenha a figura humana em todas as suas produções. Outras além de fazer
o mesmo, já registram sua letra inicial e reproduzem diversas coisas
relacionados com nossas vivências em sala. A cada dia, tento oferecer tipos
diferentes de suportes. Inclusive na semana passada ofereci a parede para
desenharem, com a combinação de usarem somente a parte revestida de azulejos. A
experiência foi rica, as crianças adoraram, ficaram horas reproduzindo,
trocando as cores, falando o que estavam desenhando e o que faltava
desenhar.
REFERÊNCIAS:
PILLAR, Analice Dutra. Ver, Criar,
Compeender. IN: Viver Mente & Cérebro.
p.32-41.
BORGES, Sonia. Alfabetização,
representação e diferença. IN: Viver
Mente & Cérebro. p.42-51.